LXXVI - Futuro Passado



Face ao novo e inesperado

É um renascer, um despertar

Face ao desconhecido

Um medo gélido e paralisante


O previsível é obsoleto

Visões de um futuro passado

Existir num presente morto

Existir num presente enterrado


Das cinzas não se volta

Das cinzas não se revive

Morremos e nascemos

Nascemos e morremos


Um ciclo infindável

Nos limites da vida e morte

Cada segundo é previsto

Cada segundo é sorte


Gritos e sussurros

São iguais no vazio

No vazio do universo

No vazio da alma


Lágrimas e mais lágrimas

Sangue e mais sangue

Não caem, não saem

O corpo não sente

O corpo foge da mente


O desejo de voltar

O desejo de ficar

O medo de ir

O medo de cair


No último momento

O despertar de um delírio

O despertar da agonia

Acordar de uma profunda lucidez


O tempo à sua volta

Sufoca suas esperanças

O tempo ao seu redor

Desfaz suas alianças


Sozinho e na penumbra

Uma certeza tétrica

O final que vislumbra

Não existe nenhuma métrica


Em que possas se agarrar

Em que possas se amparar

Queda livre na inexistência

Uma punição sem clemência


O vazio lhe preenche

Até se tornar novamente um vazio

E seus gritos e sussurros

Nunca serão ouvidos

Nunca serão atendidos

Nunca serão percebidos



Lowcypher Augur

2014-11-25 08:55h.