XXIII - Gulag


Imagine um ambiente em que tudo está em equilíbrio e seus ciclos são respeitados, mesmo com alguns saltos evolutivos, a adaptação do todo garante a sobrevivência.

E eis que em um determinado momento, uma mistura de enzimas e outros componentes, aliados à gravidade natural do planeta, um erro, falha, defeito ou uma aleatoriedade qualquer, deu inicio a uma nova forma de vida.

Até um primeiro momento, nada de tão especial ou espetacular. Uma simples mistura como uma receita de bolo. Ingredientes e umas batidas e pronto, algo diferente surge.

Mas esse algo que surgiu, tomou formas tão diversas e adversas, que uma em especifico, ficou muito diferente das demais.

Como tudo no universo, que toma seu curso de evolução, com essa forma de vida, não seria diferente.

Com o tempo foi tomando forma e se adaptando as mais difíceis situações e problemas do ambiente.

Uma evolução muito rápida para uma forma de vida tão primitiva e primária.

Avançada em alguns aspectos e primitiva em outros. Essas incompatibilidades de níveis evolutivos, fez dessa forma de vida, um fracasso que não pôde ser revertido. Por mais que se tentasse apagar do sistema, mais se arraigava, a ponto de uma solução efetiva, eficaz e eficiente, causar o fim do ambiente como um todo.

O mais adequado por enquanto, seria então enclausurar essa espécie nesse ambiente e considerá-lo como perdido permanentemente. Prejuízos mínimos, já que existem inúmeros outros que podem ter resultados melhores.

Criou-se um Gulag natural, onde possui uma população prisional de 7 bilhões de indivíduos. Alguns tentam formas inventivas de fuga, mas esbarra em várias limitações. Tanto biológicas quanto tecnológicas.

Uma espécie que é incompatível tanto consigo mesmo, quanto com o ambiente, não pode migrar para outros, pois traria os mesmos desequilíbrios do ambiente de origem.

Uma infecção, contaminação e infestação, tem que permanecer onde está, para não causar maiores estragos em outros ambientes.

Se não se auto-exterminarem, conseguindo aprender a conviver equilibradamente consigo e com o ambiente, talvez e muito talvez, poderá chegar em outros locais sem infestar e contaminar.

Mas isso já é esperar demais de uma mera falha de um ciclo natural de criação.